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Fabricantes de medicamentos propõem a cura da disfunção cognitiva causada pela depressão

A indústria e os pesquisadores buscam formas de avaliar os déficits de memória e concentração em pacientes que utilizam drogas para o tratamento da depressão.

Nos últimos 25 anos, a descoberta de novas drogas mudou os rumos na pesquisa de drogas para o tratamento da depressão.

Pesquisas vem sendo feitas no sentido de entender e tratar os sintomas, que muitas vezes demoram muito mais tempo para serem sanados a aparecer, à partir do momento em que os pacientes referem sentirem-se melhor do estado de humor depressivo que incluem: problemas cognitivos, como perda de memória e dificuldade de concentração.

A Food and Drug Administration (FDA) – órgão regulador de produtos farmacêuticos entre outros relacionados à saúde do Estados Unidos – promoveu uma reunião com a comunidade científica para discutir se tais deficiências cognitivas são componentes do transtorno que as drogas podem causar ou apenas um resultado de humor deprimido.

A discussão vai ajudar a agência a decidir se duas empresas farmacêuticas que vendem a droga vortioxetine, que é um antidepressivo, devem ser autorizadas a rotulá-la como um tratamento para os sintomas cognitivos. Um “sim” poderia estimular os desenvolvedores de drogas a investir em formas de testar a função cognitiva durante os ensaios clínicos com os antidepressivos.

Psiquiatras, há muito tempo, observaram que algumas pessoas com depressão também lutam para se concentrar e tomar decisões. A questão tem sido se tais dificuldades são apenas um sintoma da alteração do humor ou estão relacionados ao uso da droga.

O cenário é familiar para aqueles que tratam a esquizofrenia: “os antipsicóticos podem diminuir alucinações, mas os déficits cognitivos persistem. E os déficits tornam difícil a vida diária dos portadores de esquizofrenia, pois podem prejudicar seu trabalho e suas ações rotineiras do dia a dia”, relata Michael Green, um neuropsicólogo da Universidade da Califórnia, Los Angeles.

Mais de uma década atrás, as empresas empreenderam uma campanha para incentivar reguladores de medicamentos para reconhecer comprometimento cognitivo na esquizofrenia. Mas a FDA recusou-se a fazê-lo, pois os fabricantes de medicamentos apresentaram relatórios relatando que este fato iria provocar um enorme prejuízo na indústria. Como resultado, a comunidade de portadores de esquizofrenia propôs um consenso para a criação de uma bateria de testes para utilização em ensaios clínicos.

“No caso da depressão, os testes teriam que ser muito mais precisos porque as deficiências cognitivas podem ser mais sutis do que aqueles que acompanham a esquizofrenia”, diz Richard Keefe do Instituto Duke de Ciências do Cérebro, em Durham, Carolina do Norte.

Pesquisadores e representantes da indústria discutiram o problema do comprometimento cognitivo na depressão em um seminário realizado pelo Instituto de Medicina dos EUA (agora a Academia Nacional de Medicina), há quase um ano, mas não definiram um rumo para o estabelecimento de ensaios uniformes. E, mesmo que for estabelecido testes aceitáveis ​​para a FDA, não será de que drogas eficazes surgirão em breve. Diretrizes que regem os ensaios esquizofrenia foram estabelecidas em 2005, mas nenhuma droga que propõe melhora da função cognitiva foi aprovada ainda.

As indústrias procuram ir mais além nas pesquisas, como a empresa Fórum de Produtos Farmacêuticos em Waltham, Massachusetts, que está realizando estudos que se encontram em fase final na produção da droga encenicline – esta droga tem como alvo o receptor de acetilcolina (substância que é responsável pela transmissão de impulsos noervosos no cérebro) relacionada com a memória. E, os resultados são esperados no primeiro semestre deste ano.

Mas o interesse na pesquisa de drogas que melhoram a função cognitiva para pessoas com depressão aumenta à medida que antidepressivos se tornem disponíveis com custo mais baixo, incluindo os genéricos.

Sendo assim as empresas farmacêuticas procuram criar nichos para as suas ofertas mais recentes, que tem um custo mais alto para o consumidor, diz o psiquiatra Eduard Vieta da Universidade de Barcelona da Espanha. “As empresas estão mudando as estratégias, e tentando encontrar substâncias que ajam de forma diferenciada”, diz ele. “Quando você produz uma droga indicada para um sintoma de que ninguém mais produz – como droga que melhora a cognição em um paciente com depressão – é uma enorme vantagem.”

É o que propõe a droga vortioxetine, segundo a Takeda Pharmaceutical Company, em Osaka, no Japão, e H. Lundbeck em Valby, Dinamarca, que apresentam dados clínicos demonstrando que a droga levou a melhorias em vários testes cognitivos, além do seu efeito benéfico sobre o humor do portador de depressão.

Se o FDA decidir não reconhecer disfunção cognitiva como um aspecto tratável de depressão os efeitos também poderiam ir além da indústria farmacêutica, diz Green. “É uma questão de respeitar um aspecto da doença que os médicos sempre pensaram que não estava recebendo atenção suficiente dos laboratórios”.

Espero que tenham gostado.

Abraços medicinais.

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