Carl Sagan, cientista americano, na sua série para TV, Cosmos, em um dos episódios, sentado a uma mesa, no instante em que se propunha saborear uma torta de maçã, vira-se para a câmera e diz: para que eu pudesse estar aqui neste momento saboreando esta torta de maçã, foi preciso primeiro que o Universo tivesse sido feito. Afirmação irrefutável, pois disso resultaram os átomos que fizeram a Terra e a torta de maçã. São os elos de ligação, invisíveis, mas potentes em suas conseqüências.
Vou servir-me de dois exemplos para verificarmos o quanto os elos funcionam apesar de invisíveis, e suas conseqüências. Poderiam ser mais exemplos, mas vou ater-me apenas a estes dois. São eles: a Saúde e a Justiça.
Inicio pela Saúde. Imaginemos que alguém, com poderes para isso, desvie, para si ou para um partido político, ou mesmo para ambos, parte da verba destinada à Saúde, fazendo com que esta deixe de ser suficiente para a construção de um número suficiente de locais de atendimento ao público, e, até, para a melhoria dos já existentes. Vamos imaginar que por causa disso, uma pessoa deixe de ser atendida no momento em que precisa, e venha a falecer. A decisão de não permitir a existência de melhor atendimento a ponto de levar alguém à morte, torna a pessoa que roubou a verba, diretamente responsável pela morte dessa pessoa, não importando a distância em que se encontre, pois quem não faz o que por dever deve fazer, torna-se diretamente responsável pelas consequências de seus atos. Assim são os elos de ligação, invisíveis, mas que nos mantêm vinculados às conseqüências.
Agora vamos à Justiça. Por um momento imaginemos que um grupo de juízes se fixe em algo não definido na Constituição (como se lê na Internet), e deixando de levar em conta o único motivo da Justiça existir, que é o de proteger a sociedade dos criminosos mantendo-os presos, aceite assumir a responsabilidade de, decidindo em contrário ao que já haviam decidido, gerando jurisprudência contrária aquela gerada anteriormente, sem que, repito, a Constituição justifique isso, permitam que um bom número de criminosos seja solto, ainda que por certo tempo, e que esses criminosos, no tempo em que ficarem soltos, voltem a cometer crimes, inclusive de morte. Obviamente que quem permitiu sua soltura, sabendo antecipadamente quem são, fica responsável pelo total do que fizerem, não pode ser diferente. Mais uma vez o elos de ligação gerando consequências e responsabilidades.
A vida requer responsabilidade. Temos apenas dois caminhos que podemos trilhar: o do amor e o do desamor. O do amor, por gerar harmonia, nos causa bem estar a que podemos chamar de felicidade, e o do desamor, quando, deliberadamente cometemos erros, e isso, gerando desarmonia, nos leva a situações como a de vermos os nossos elos de ligação fixos em algo de que pouco se fala hoje em dia, o inferno, que existe queiramos ou não, e aí…ai…
Sendo assim, a frase: quem manda em mim sou eu por isso faço o que quero e ninguém tem nada a ver com isso, que em geral nos leva ao caminho do desamor, deve ser revista por todos nós com muito cuidado. Os elos nos mantêm fixos ao que fizermos, a nós e aos outros.
José Carlos
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