O abuso de idosos é um importante problema de saúde pública. Um estudo sobre o tema publicado em 2017 com base nas melhores evidências disponíveis de 52 estudos em 28 países de diversas regiões, incluindo 12 países de baixa e média renda, estimou que, no último ano, 15,7% das pessoas com 60 anos ou mais foram submetidas a alguma forma de abuso.
É provável estes números ainda sejam mais preocupantes, uma vez que apenas 1 em 24 casos de abuso de idosos é relatado, em parte porque as pessoas mais velhas têm medo de denunciar casos de abuso à família, amigos ou às autoridades. Consequentemente, quaisquer taxas de prevalência provavelmente serão subestimadas. Embora dados rigorosos sejam limitados, o estudo fornece estimativas de prevalência, com base em todos os estudos disponíveis, do número de pessoas mais velhas afetadas por diferentes tipos de abuso.
A violência, apesar de ter um conceito amplo, complexo, e controverso, pode ser entendida de forma mais simples como o evento representado por ações realizadas por indivíduos, grupos, classes ou nações que ocasionam danos físicos ou morais a si próprios ou a outros.
A violência em uma visão mais ampla, representa um problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência, e vêm provocando forte impacto na morbimortalidade das populações – principalmente nas mais vulneráveis. Caracteriza-se, como problema importante, visto ainda é pequeno o número de pessoas preparadas para entender o processo de envelhecimento, em especial pessoas que prestam serviços a essa parcela da população. Apesar das ações realizadas com o objetivo de reduzir força de atos de abuso, ainda a prevalência têm se mantido em índices além do nível esperado.
Por ser um fenômeno de natureza multicausal, a violência interessa ao setor da saúde, principalmente em razão do número de mortes que provoca, bem como pela necessidade de atendimento à saúde prestado ás vítimas.
Dados sobre a extensão do problema em instituições como hospitais, casas de repouso e outras instalações de cuidados prolongados são escassos. No entanto, estudos recentes sobre abuso de idosos em contextos institucionais e comunitários baseados em relatos de idosos sugerem que as taxas de abuso são muito mais altas em instituições de longa permanência do que em comunidades.
Atos abusivos em instituições asilares podem incluir a restrição física de pacientes, privando-os de dignidade (por exemplo, deixando-os com roupas sujas) , cuidado inadequado ao idoso dependentes levando o mesmo a desenvolver ulceras por pressão, excesso de medicação para manter o idoso sonolento, e reter medicação dos pacientes; e negligência e abuso emocional.
O abuso de idosos pode levar a lesões físicas – variando de pequenos arranhões e contusões a ossos quebrados e lesões incapacitantes – e consequências psicológicas graves, às vezes duradouras, incluindo depressão e ansiedade. Para os idosos, as consequências do abuso podem ser especialmente graves e convalescentes por mais tempo. Mesmo lesões relativamente pequenas podem causar danos sérios e permanentes, ou até mesmo a morte. Um estudo que durou 13 anos de acompanhamento, identificou, que vítimas de abuso idosas, têm duas vezes mais probabilidade de morrer prematuramente, do que pessoas vítimas de abuso mais jovens.
Globalmente, prevê-se que o número de casos de abuso de idosos aumente, uma vez que muitos países têm populações que envelhecem rapidamente, cujas necessidades podem não ser totalmente satisfeitas devido a restrições de recursos. Prevê-se que, até 2050, a população global de pessoas com mais de 60 anos mais que dobrará, de 900 milhões em 2015 para cerca de 2 bilhões, com a grande maioria dos idosos vivendo em países de baixa e média renda. . Se a proporção de vítimas de abuso de idosos permanecer constante, o número de vítimas aumentará rapidamente devido ao envelhecimento da população, aumentando para 320 milhões de vítimas até 2050.
Fonte:
http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/elder-abuse
JORGE, Maria Helena Prado de Mello. Violência como problema de saúde pública. Ciência e Cultura, v. 54, n. 1, p. 52-53, 2002.
DAHLBERG, Linda L.; KRUG, Etienne G. Violência: um problema global de saúde pública. Ciência & Saúde Coletiva, v. 11, p. 1163-1178, 2006.
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