Quando o envelhecimento atinge o homem podem ocorrer sinais e sintomas característicos, como diminuição da massa e força muscular, aumento de gordura abdominal principalmente visceral com resistência à insulina e perfil lipídico aterogênico, diminuição da libido e pelos sexuais, osteopenia – diminuição de massa óssea- deficiência cognitiva, depressão, insônia, sudorese e diminuição da sensação de bem estar geral. Estes sintomas são comuns em uma doença denominada hipogonadismo.
O hipogonadismo masculino é uma doença que afeta quase um terço da população masculina madura. A opção de tratamento mais comum é a terapia de reposição de testosterona, mas a prática pode ter efeitos colaterais significativos. Uma nova descoberta na investigação sobre células estaminais sugere que um tratamento alternativo para o hipogonadismo pode em breve estar disponível.
O diagnóstico de hipogonadismo masculino associado ao processo de envelhecimento nota-se um nível sérico matinal de testosterona abaixo do valor mínimo de referência de adultos jovens.Valor de normalidade nos homens, os níveis variam entre 240-950 ng/dL.
Sinais e sintomas:
• Diminuição da libido e disfunção erétil: ereções noturnas são dependentes de nível de andrógenos. Haveria dois limiares de nível de testosterona; um abaixo da qual o comportamento sexual é prejudicado com ereções noturnas normais, e um limiar abaixo no qual ereções noturnas também são prejudicadas. A resposta peniana a estímulos visuais é parcialmente andrógeno dependente.
• Depressão: níveis de testosterona biodisponível foram 17% mais baixos em homens entre 50 a 89 anos com depressão categoricamente definida.
• Diminuição do tecido muscular, aumento do tecido fibroso muscular e diminuição de alguns aspectos da força muscular.
• Aumento do tecido adiposo total e redistribuição de gordura: vários autores reportaram uma correlação inversa com níveis de testosterona, sugerindo que a queda de níveis de testosterona teria um papel causal no acúmulo de gordura visceral ligada ao envelhecimento masculino.
• Osteopenia e osteoporose: diminuição da densidade mineral óssea resultando em osteopenia e osteoporose.
• Diminuição do volume testicular.
Com a idade avançando, os níveis de testosterona declinam naturalmente, mas no hipogonadismo masculino ocorre uma condição em que o corpo produz níveis anormalmente baixos de testosterona.
Esses níveis reduzidos podem levar a distúrbios do humor, declínio no desejo sexual e uma diminuição na força muscular e de massa óssea.
Os baixos níveis de testosterona associados com o hipogonadismo são, por vezes, devido a disfunções nos testículos, ou da glândula pituitária, ou o hipotálamo. Aproximadamente 30% dos homens mais podem ser afetados por esse agravo.
Um tipo de abordagem clínica comum ao tratamento do hipogonadismo é a terapia de reposição de testosterona. No entanto, uma quantidade significativa de pesquisas apontam para os vários efeitos colaterais da terapia de reposição hormonal, incluindo um risco de tromboembolismo venoso e trombose venosa profunda.
O objetivo do tratamento é restabelecer os níveis fisiológicos de testosterona e assim melhorar a qualidade de vida dos doentes. Por conseguinte, os homens com hipogonadismo que se beneficiam com a terapêutica de reposição hormonal, com melhorias ao nível, por exemplo, da função sexual (líbido, função erétil). No entanto, permanece a discussão quanto às contraindicações e aos riscos desta terapêutica, principalmente relacionadas as questões como a sua contribuição para o agravamento da hiperplasia benigna da próstata e o aumento do risco de carcinoma da próstata. Pesquisas recentes levantam uma nova problemática quanto ao possível risco cardiovascular (CV) inerente à terapêutica de substituição hormonal com testosterona (TST). O aumento da prevalência do hipogonadismo masculino associado ao envelhecimento da população tem proporcionado um aumento drástico da prescrição de testosterona na última década, aumentando o risco ocorrência de doenças cardiovasculares um este deve ser um motivo de preocupação para todos os profissionais de saúde, particularmente para os cuidados primários.
Em 2014, a Food and Drug Administration dos Estados Unidos, em colaboração com a Health Canada, determinou que os fabricantes adicionassem um aviso sobre esses riscos em todos os produtos a base de testosterona.
Novas pesquisas com células-tronco sugerem que pode haver um tipo alternativo de tratamento, que envolveria a transformação de células de pele adultas diretamente em células
A testosterona é o resultado final de um processo longo. As células de Leydig – são encontradas nos testículos – produzem andrógenos e estes hormônios são biosintetizados em testosterona.
Pesquisadores liderados por Yadong Huang, da Universidade de Jinan, na China, estudam a possibilidade de “criar” células tipo Leydig usando reprogramação direta de células. As descobertas foram publicadas na revista Stem Cell Reports.
Na pesquisa de células estaminais, a reprogramação direta de células é uma técnica mais rápida e segura para obter o tipo de célula desejada do que a reprogramação epigenética regular.
É por isso que Huang e o co-autor do estudo Zhijian Su, da Universidade de Jinan, descobriram que transformar diretamente as células da pele adulta em células tipo Leydig e depois transplantá-las em homens com hipogonadismo seria a melhor abordagem regenerativa.
Para testar esta hipótese, os cientistas usaram roedores machos afetados pelo hipogonadismo.
Eles injetaram fibroblastos embrionários de ratos – um tipo de célula encontrada no tecido conjuntivo – em um vetor portador do gene mCherry. Isto permitiu separar as células esteroidogénicas dos fibroblastos.
Em seguida, Huang e equipe rastrearam 11 fatores de transcrição que eles pensaram poderiam regular Leydig em, célula esteroidogênica com a mesma expressão gênica.
Ao eliminar gradualmente vários dos 11 fatores de transcrição, os pesquisadores finalmente os reduziram a três: Dmrt1, Gata4 e Nr5a1.
Em seguida, a equipe usou vetores lentivirais – um tipo de retrovírus que pode alterar a expressão do gene da célula alvo – para forçar a expressão gênica desses três fatores transcricionais.
O resultado foi um sucesso. Os pesquisadores conseguiram reprogramar diretamente as células da pele do rato em células de Leydig que funcionaram plenamente, produzindo testosterona.
Finalmente, os cientistas transplantaram essas células de Leydig para os testículos de ratos e camundongos com deficiência de testosterona.
As células não só sobreviveram, mas também restauraram os níveis normais de testosterona em homens com hipogonadismo.
O sucesso deste esforço científico sugere uma alternativa promissora à terapia de reposição androgênica.
No final, espera-se que esta pesquisa abra caminho para ensaios clínicos testando uma nova abordagem da medicina regenerativa para tratar a deficiência de andrógenos em homens.
Este estudo é o primeiro a relatar um método para gerar células de Leydig por meio de reprogramação celular direta. Esta fonte alternativa deproduzir células de Leydig será de grande importância para a investigação básica e oferece a perspectiva de aplicação clínica no campo da medicina regenerativa.
Fonte:
MARTITS, Anna Maria; COSTA, Elaine Maria Frade. Hipogonadismo masculino tardio ou andropausa. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 50, n. 4, p. 358-359, 2004.
2- ROHDEN, Fabiola. A “criação” da andropausa no Brasil: articulações entre ciência, mídia e mercado e redefinições de sexualidade e envelhecimento. Psicología, Conocimiento y Sociedad, v. 2, n. 2, p. 196-219, 2012.