Embora não haja consenso sobre o processo de envelhecimento e os mecanismos associados a este fato, a comunidade científica vem estudando um fenótipo celular ligado a senescência (envelhecimento), que é caracterizada por alterações específicas em que as células submetem-se durante o envelhecimento.
As células senescentes de todos os tipos de tecidos (incluindo aqueles submetidos na replicação e senescência prematura induzida pelo stress) são parecidas e apresentam características semelhantes. Especificamente, as células senescentes, são metabolicamente ativas e possuem um conjunto de características que são conhecidas como biomarcadores do envelhecimento celular.
Em 1965, um pesquisador chamado Hayflick propôs que o envelhecimento seria o resultado do número de divisões celulares que uma célula seria capaz de fazer (aproximadamente 50 vezes) e, posteriormente, isso foi associado ao encurtamento dos telômeros, um biomarcador frequentemente utilizado para indicar a senescência celular.
Os telômeros, são compostos complexos de proteínas e nucleótidos de uma cadeia de aminoácidos TTAGGG repetitivos nas extremidades dos cromossomas eucarióticos. Devido ao mecanismo de replicação celular, os telômeros encurtam-se a cada divisão celular, funcionando como um relógio biológico.
Ao estudar os mecanismos primários de envelhecimento, os telômeros são considerados pela maioria dos cientistas como um indicador do envelhecimento, além de ser um fator potencial na determinação da esperança de vida.
Os telômeros (do grego telos = fim e meros = parte), estão localizados nas ‘pontas’ dos cromossomos, funcionam como capas protetoras dessas extremidades, tendo papel muito importante na manutenção da integridade do genoma.
O envelhecimento celular (ou senescência) é um processo que ocorre constantemente com a maioria das células somáticas humanas (exemplo células da pele, pulmões, coração etc… – exceto em células germinativas) e com alguns microrganismos eucariotos, que se multiplicam por divisão celular simples.
Esse processo ocorre após um número determinado de gerações e se caracteriza por perda da capacidade de divisão por estresse oxidativo (acúmulo no organismo de radicais livres, grupos químicos altamente reativos capazes de destruir moléculas orgânicas) e ausência da atividade de telomerase.
Resultados de muitas pesquisas sugerem que o encurtamento dos telômeros funciona como um relógio molecular que registra quantas vezes as células se duplicaram.
Quando esse encurtamento atinge um ponto crítico, o crescimento celular é interrompido, culminando na senescência e na indução da morte da célula. Acredita-se que telômeros curtos em células que ainda têm capacidade proliferativa seriam responsáveis por alguns dos fenômenos que associamos ao envelhecimento normal.
A teoria dos telômeros
Esta teoria depende de três princípios específicos que são:
– O envelhecimento é programado;
– A suspensão do ciclo celular é irreversível e acontece em resposta ao encurtamento dos telômeros.
– O número total de divisões celulares na ausência de atividade da telomerase (enzima que repara os telômeros) não pode exceder um limite determinado denominado o limite de Hayflick.
Acredita-se que o comprimento dos telômeros diminui de forma progressiva durante sucessivos ciclos de divisão celular, levando as células à senescência e estas, finalmente, à interrupção das divisões celulares.
Os telômeros podem chegar a um tamanho, que os torna ineficientes para a proteção das extremidades cromossômicas, resultando na crise, ou seja, em fusão dos cromossomos e morte celular apoptótica (morte celular programada) .
Estudos relacionados a ação da enzima telomerase, que é responsável pela reparação de telômeros encurtados, vem sendo feitos á fim de identificar o papel desta enzima no reparo da célula cancerígena.
Dessa forma, a manutenção do comprimento e a proteção dos telômeros são fatores importantes no controle do tempo de vida celular, embora o envelhecimento do organismo seja um processo muito mais complexo do que somente isso.
Como cada célula possui um tempo de vida geneticamente determinado, durante o qual pode replicar-se um número limitado de vezes, a morte é previsível e necessária para o controle das espécies.
No entanto, a morte pode ser precipitada por erros genéticos adquiridos evidenciados por alterações na estrutura do DNA e RNA. Alterações, encontradas em células envelhecidas, têm como causa a programação genética (transmitida por nossos pais), exposição a raios X, produtos químicos, alimentos, entre outros. Assim, a morte celular programada torna-se prematura.
Sendo assim, sabendo que o envelhecimento é um processo biológico, universal, estocástico, dinâmico e progressivo, no qual ocorrem modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que reduzem a capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, afetando sua integridade e permitindo o surgimento das doenças crônicas, com impacto sobre a saúde e a qualidade de vida do idoso.
Ações de promoção ao envelhecimento saudável devem ser tomadas ainda na fase adulta, afim de que os excessos cometidos ao longo de nossa vida não venham a prejudicar o nosso processo de envelhecimento. Se pudermos escolher, devemos optar envelhecer com saúde.
Seguem algumas dicas que podem nos ajudar a evitar este processo, quem sabe até retardar o encurtamento dos telômeros e manter nossos cromossomos sadios por mais tempo:
- Coma pouco ou moderadamente de preferencia a cada 3 horas;
- Pratique atividade física
- Durma no mínimo 7 horas por noite
- Não fume
- Não beba em excesso
- Tome sol antes das 10 e após as 16 pelo menos 15 minutos por dia
- Adicione folatos -Vitaminas do complexo B- na sua dieta como legumes, hortaliças verdes, frutas secas, castanhas e de preferencia crus;
- Beba água, em média 2 litros por dia;
- Procure ser feliz, encontrar sua paz de espírito, quem sabe praticando ioga, pilates, meditação.
Essas dicas com certeza não farão de você imortal, mas quem sabe lhe proporcionarão um amadurecimento saudável e uma vida longeva.
Fiquem em paz e até e próxima.
Fonte
– Hayflick L. Biological aging is no longer an unsolved problem. Ann. NY Acad Sci 2007;1100(1):1-1
– Cano, Maria Isabel Nogueira. “A vida nas ‘pontas’.” Ciência Hoje 39.229 (2006).
– Teixeira, Ilka Nicéia D., and Maria Elena Guariento. “Biology of aging: theories, mechanisms, and perspectives.” Ciência & saúde coletiva 15.6 (2010): 2845-2857.