Pesquisadores da Escola de Medicina Lewis Katz (LKSOM) da Temple University, na Filadélfia, PA, descobriram um mecanismo, que pode explicar, por que a restrição calórica tem um efeito benéfico na longevidade.
O mecanismo tem a ver com a epigenética (modificações que ocorrem no genoma, herdadas por gerações futuras, mas que não alteram a sequência de DNA).
Um novo estudo sugere, que o mecanismo epigenético pode determinar, por que alguns mamíferos vivem mais do que outros.
A metilação do DNA é um mecanismo epigenético comum. Organismos que variam de fungos a humanos usam isso para regular sua expressão gênica – ou seja, para determinar qual cópia do gene está ativada e qual está inativada.
Os padrões de metilação [DNA], continuam de forma constante ao longo da vida, aumentando a metilação em algumas áreas do genoma e diminuindo em outros, de acordo com o pesquisador.
A metilação, é uma modificação bioquímica do DNA que cria marcadores nos genes e esses marcadores controlam a identidade celular (diferença entre os tipos de células ou seja quando uma célula sanguínea ou uma célula da pele podem tornar-se cancerosas).
A maneira mais simples de pensar sobre esses marcadores, é uma analogia com sinais que informam à célula o que fazer e quando fazê-lo. Se esses marcadores, estão ausentes ou alterados, a célula perde um pouco de sua identidade. A” derivação “de metilação é uma forma de identificar o quanto esses marcadores mudaram.
Pesquisas anteriores mostraram que a metilação do DNA tende a se modificar com a idade.
Entretanto os pesquisadores, buscaram estudar a relação entre metilação e a vida útil e para isso analisaram amostras de sangue de ratos, macacos e humanos em diferentes idades.
Usando técnicas de sequenciação profunda, os pesquisadores analisaram o DNA retirado do sangue das amostras do estudo. As análises revelaram “ganhos e perdas de metilação do DNA” em determinados locais do genoma, de ratos, macacos e pessoas.
Especificamente, indivíduos mais velhos tiveram ganhos de metilação em certos locais genômicos onde indivíduos jovens tiveram perdas. O contrário também foi obervado.
Quanto mais metilado fosse um local genômico, menos os genes eram expressos e vice-versa. Outras análises de DNA revelaram uma correlação inversa entre a presença de metilação e a vida útil. Ou seja quanto mais metilação menor o tempo de vida útil.
A deriva epigenética, caracterizada por ganhos e perdas na metilação do DNA no genoma ao longo do tempo, ocorre mais rapidamente em camundongos, do que em macacos e mais rapidamente em macacos do que em humanos.
Em média, os camundongos vivem 2 a 3 anos, macacos rhesus aproximadamente 25 anos, e humanos em torno de 70 anos.
Então se a deriva epigenética poderia ser alterada para aumentar a vida útil de um ser vivo, dessa forma os pesquisadores restringiram a ingestão de calorias em 40 % em ratos com 3,4 meses de idade e 30% em macacos entre 7 e 14 anos. As calorias foram restritas durante um longo período de tempo – isto é, os macacos permaneceram em dieta com baixas calorias até os 22 a 30 anos, e os ratos até os 2 ou 3 anos de idade.
Nas duas espécies, os efeitos da restrição calórica foram dramáticos. A “idade de metilação do sangue” dos macacos parecia ser 7 anos mais nova do que sua idade cronológica. Ambas as espécies apresentaram alterações de metilação comparáveis às dos seus homólogos mais jovens.
Os resultados levaram a equipe a “propor que a deriva epigenética seja determinante da vida útil em mamíferos”.
Os impactos, da restrição calórica na vida útil são conhecidos há décadas, mas graças às técnicas quantitativas modernas, pode-se mostrar pela primeira vez, um abrandamento lento da deriva epigenética à medida que a vida aumenta.
Os pesquisadores, já se concentraram em outras medidas moleculares para explicar o envelhecimento e os efeitos das calorias sobre ele (por exemplo, o comprimento do telômero, danos ao DNA, metabolismo, etc.), mas os impactos das associações sugerem que a deriva de metilação poderia desempenhar um papel fundamental no envelhecimento.
Os achados podem ter implicações importantes para doenças relacionadas à idade, incluindo diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e algumas doenças neurodegenerativas.
Fonte:
Fewer calories may increase lifespan, but how? www.medicalnewstoday.com/articles/319428.php
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