Feocromocitoma é um tumor relativamente raro nas glândulas supra-renais ou de células especializadas semelhantes a supra renais. A hipertensão arterial é a manifestação clínica mais comum do feocromocitoma, acometendo mais de 90% dos pacientes.
Os feocromocitomas secretam hormônios denominados catecolaminas (adrenalina e hormônios relacionados) que são responsáveis pelos sintomas característicos como dor de cabeça , sudorese , e taquicardia que são sintomas típicos, geralmente em associação com pressão arterial alta .
Cerca de 10% dos feocromocitomas são malignos e a cirurgia é o tratamento de escolha, este distúrbio pode ocorrer em combinação com outros tumores, condições e em algumas síndromes familiares (hereditárias).
O que é um feocromocitoma?
Feocromocitoma é um tipo de tumor das glândulas adrenais que podem liberar níveis elevados de epinefrina e norepinefrina. Como o nome indica, as glândulas adrenal estão localizadas perto da área “renal” (rim). Cada glândula adrenal fica acima dos dois rins.
Apesar de seu pequeno tamanho, as glândulas adrenais têm inúmeras funções. São glândulas endócrinas complexas (secretoras de hormônios). As células em diferentes regiões das glândulas supra-renais têm funções diferentes no sistema endócrino. A porção externa da glândula adrenal é chamada de córtex adrenal. Em parte do córtex adrenal (zona fasciculata e zona reticularis) as células secretam cortisol, um hormônio semelhante à cortisona, que é essencial para o controle ostresse. Em outra área (zona glomerulosa), as células secretam um hormônio chamado aldosterona, que ajuda na regulação de sal e água do nosso corpo, controlando dessa forma a pressão arterial.
A área interna da glândula adrenal é referida como a medula adrenal local onde as células secretam substâncias denominadas catecolaminas (epinefrina, norepinefrina e dopamina hormônios responsáveis pelo controle do estresse (resposta de luta ou fuga) e são essas células da medula adrenal que são superproduzidas na ocorrência do feocromocitoma.
Basicamente, um feocromocitoma é um tumor que ocorre nestas células secretoras de catecolaminas e que causam os sinais e sintomas clínicos desta patologia. As células secretoras de catecolaminas são por vezes referidas como células cromafins, e são encontradas em outras áreas do corpo, além da medula adrenal.
Às vezes, feocromocitomas surgem de células cromafins que estão localizados fora da glândula adrenal. Neste caso, eles são denominados feocromocitomas extra-adrenais ou paragangliomas e geralmente estão localizados no abdômen.
Os feocromocitomas podem ocorrer em pessoas de qualquer idade. O pico de incidência está entre a terceira e a quinta décadas de vida. Os feocromocitomas são, bastante raros, e a maioria deles são benignos
Sinais e sintomas
Alguém com um feocromocitoma geralmente tem três sintomas clássicos ,que incluem dor de cabeça, sudorese e taquicardia ( batimento cardíaco rápido) em associação com a pressão arterial acentuadamente elevada (hipertensão). Outras condições que podem acompanhar estes sintomas clássicos são as seguintes:
- ansiedade,
- náuseas,
- Tremores,
- fraqueza,
- Dor abdominal e
- perda de peso.
Algusn indivíduos podem não apresentar os sintomas clássicos e quando isso acontece os casos são descobertos incidentalmente maios ou menos em 10% dos casos.
Quais são os sintomas de um feocromocitoma?
Algumas pessoas, no entanto, nunca desenvolverão sintomas de um feocromocitoma. Em alguns casos, a pressão arterial elevada vem e vai e pode ser difícil de se diagnosticar. Em outros casos, a pressão arterial é consistentemente elevada e facilmente registada.
Feocromocitomas estão presentes em apenas cerca de 0,2% de todas as pessoas com pressão arterial elevada . Contudo, existem certas condições nas quais o diagnóstico de feocromocitoma pode estar no topo da lista de possibilidades;
Condições associadas aos feocromocitomas
Os feocromocitomas podem ser um componente de certas síndromes familiares ou genéticas. A condição familiar mais comum é chamada de MEN – neoplasia endócrina múltipla. Dois tipos de MEN – MEN 2A e 2B – estão associados com feocromocitomas. Ambos são síndromes genéticas que ocorrem em algumas famílias e são transmitidas de pai para filho de forma autossômica dominante.
Há também indivíduos que têm feocromocitomas sem história familiar conhecida. Estes casos são denominados esporádicos. Em geral, se esses pacientes tiverem doença bilateral (feocromocitoma na duas glândulas supra-renais) ou forem diagnosticados antes dos 21 anos, recomenda-se o rastreio genético.
Outras causas
Vários fatores podem interferir na regulação do Sistema Nervoso Central que é o painel de controle na liberação das catecolaminas, e são responsáveis pela resposta de luta ou fuga em situações de estresse ou medo. Entre estes fatores estão o uso de algumas drogas como os descongestionantes nasais, ou retirada súbita de outras drogas como os utilizados para controle de pressão arterial); eventuais ataques de pânico e lesões da medula espinhal estão entre as muitas condições que também podem levar a alguns dos sintomas observados em feocromocitomas.
Diagnóstico
É realizado através do exame clínico, onde será observado os sintomas clássicos que foram citados acima e quem sabe talvez o paciente conheça bem sua história familiar e possa informar seu médico de outros tipos de tumores endócrinos, incluindo feocromocitoma (s) diagnosticado (s) em membros da família. Consequentemente, um médico suspeito de feocromocitoma familiar pode ir direto para testes genéticos. No entanto, na maioria dos casos, se a suspeita é alta, o médico pode solicitar uma série de testes para medir os hormônios culpados e seus produtos de degradação (metabolitos) abaixo:
– Catecolaminas e metanefrinas são mensurados em uma coleta de urina de 24 horas, e metanefrinas também podem ser medidos no sangue. Se estes são superiores a 2 vezes o nível normal, estudos de imagem solicitados à fim de identificar alterações nas supra renais.
Na imagem de ressonância magnética RM ou tomografia computadorizada das glândulas supra-renais, pode ser observada uma massa no seu interior ou fora dela, nesse caso a cirurgia pode ser feita. Outro teste chamado 131-I-MIBG é bastante específico para feocromocitomas, nele uma molécula de iodo radioativo é injetada na corrente sanguínea indo se depositar na área do tumor, permitindo a visualização do feocromocitoma em estudos de imagem.
Tratamento
A cirurgia é o tratamento definitivo. Até que o tumor seja removido, o controle da pressão arterial é uma prioridade. Controlar a pressão arterial antes e durante a cirurgia é a parte mais complicada do atendimento. Existe uma chance de desenvolver uma crise aguda de hipertensão (um aumento potencialmente perigoso, súbito e grave da pressão arterial) após a anestesia é dada durante a cirurgia. A pressão arterial controlada com medicamentos específicos antes e durante a cirurgia e é cuidadosamente monitorizada durante todo o procedimento. A consulta com um endocrinologista é recomendada para ajudar a projetar o tratamento.
Devido aos tipos de hormônios envolvidos em um feocromocitoma, as primeiras tentativas de controle da pressão arterial utilizam agentes de uma classe específica de medicamentos conhecidos como alfa-bloqueadores. Estes agentes são utilizados antes da utilização de beta bloquedores para equilibrar e controlar melhor a resposta da pressão sanguínea à anestesia.
Nos casos raros de feocromocitomas que são malignos e não curados por cirurgia, a quimioterapia ou a radioterapia podem ser necessárias após a cirurgia.
Prognóstico
Feocromocitoma é benigno na maioria dos casos, e se a pressão arterial relacionadas com complicações cirúrgicas podem ser evitadas, a probabilidade de cura é excelente.
No entanto, se o diagnóstico de feocromocitoma for feito durante gestação, as chances de óbitos são aumentadas, tanto para mãe quanto para o feto. No entanto este é distúrbio raro, de fácil tratamento e controle, desde que o diagnóstico seja feito o mais breve possível.
Espero que tenham gostado deste post e até a próxima.
Fonte:
FAIÇAL, S.; SHIOTA, D. Feocromocitoma: atualização diagnóstica e terapêutica. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 43, n. 3, p. 237-244, 1997.
MALACHIAS, Marcus Vinícius Bolívar. Feocromocitoma–diagnóstico e tratamento. Rev Bras Hipertens, v. 9, n. 2, 2002.
COSTA, Liane; GOMES, António Taveira. Feocromocitoma. Arquivos de Medicina, v. 22, n. 6, p. 177-187, 2008.
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