Incontinência fecal é considerada a perda não intencional de fezes ou gases (flatulência). Muitas vezes, é devido a uma falha de um ou mais dos sistemas que permitem que o corpo controle a liberação de fezes.
Um movimento intestinal normalmente requer uma interação complexa e um sistema de feedback entre os nervos e músculos do reto e ânus.
O reto é o reservatório onde as fezes aguardam a eliminação. Dois esfíncteres ou músculos circulares separam o reto do ânus e controlam quando o ânus deve permitir o movimento intestinal. O esfíncter anal interno, (EAI) está sob controle involuntário do sistema nervoso do corpo, enquanto o esfíncter anal externo (EAS) pode ser controlado ativamente pelo indivíduo. Além disso, o músculo puborretal faz a junção entre o reto e o ânus, criando um ângulo de 90 graus, o que dificulta que as fezes se movam involuntariamente para o ânus.
Quando o reto está cheio e para que ocorra um movimento intestinal normal, o esfíncter anal interno relaxa um pouco. Células no ânus podem detectar fezes ou flatulência e se o cérebro achar que é um momento oportuno para liberar gases ou evacuar, o músculo puborretal relaxa, alinhando o trajeto do reto para o ânus. Agachar-se ou sentar ajuda a aumentar a pressão dentro do abdômen, e os músculos que rodeiam o reto comprimem seu conteúdo, o esfíncter anal externo relaxa e ocorre um movimento intestinal.
Se não é um momento apropriado para abrir esvaziar o intestino, o músculo puborretal se contrai, o esfíncter externo se contrai, o reto relaxa e as fezes são forçadas a voltar para a parte superior do reto, fazendo com que o desejo de evacuar seja temporariamente aquecido.
Causas da incontinência fecal
A incontinência fecal ocorre devido a uma doença subjacente. Existem inúmeras causas potenciais e muitos pacientes têm mais de um motivo para sofrer de incontinência fecal.
Danos aos músculos e nervos presentes no reto, que podem ocorrer no momento do parto vaginal ou após a cirurgia anal ou retal.
Doenças neurológicas, como acidente vascular cerebral, esclerose múltipla, lesão de medula espinhal, complicações do diabetes, entre outras.
Portadores de doença inflamatória crônica (doença de Crohn e colite ulcerativa) e doença do intestino irritável podem desenvolver incontinência fecal.
Quais são os sintomas da incontinência intestinal?
A incontinência intestinal, refere-se à incapacidade de controlar a passagem de pequenas quantidades de fezes, líquidas ou sólidas, ou controlar os flatos.
As pessoas às vezes relutam em discutir a falta de controle intestinal por causa do estigma social associado a ela.
A queixa inicial pode ser prurido (coceira) anal, perda involuntária de fezes líquidas ou sólidas (casos mais graves) irritação da pele as redor das nádegas e úlceras.
Diagnóstico
Coletar a história do paciente é muito importante e o profissional de saúde buscara entender sobre a frequência com que ocorre a perda do controle intestinal, em quais situações ocorre e se é sólido, líquido ou gasoso. A história pregressa é importante, especialmente a obstétrica ou se houve cirurgia do ânus, como hemorreidectomia. Podem levar vários anos até que a complicação de uma cirurgia ou parto leve à incontinência fecal. Os hábitos alimentares e medicamentos como os laxantes, serão considerados e avaliados.
O exame físico provavelmente incluirá um exame retal para avaliar o tônus esfincteriano. Na mulheres pode ser necessário em exame pélvico.
A manometria anal mede a pressão dentro do reto, tanto em repouso como quando o paciente contrai o esfíncter anal. Estudos de condução nervosa e muscular podem ser considerados. A ultrassonografia pode avaliar os esfíncteres anais e procurar danos musculares.
Tratamento
A abordagem de tratamento para um paciente com incontinência fecal é individualizada com base na causa subjacente.
O objetivo é regular os movimentos intestinais, diminuir sua frequência e aumentar a firmeza e consistência das fezes. Muitas vezes, isso envolve mudanças na dieta e o uso de medicamentos.
O tratamento clínico não traz a cura da incontinência fecal, mas leva ao alívio sintomático. Em adição à orientação dietética (evitar refeições volumosas, ricas em gordura ou excessivamente ricas em fibras), o tratamento farmacológico deve incluir o uso de antiperistálticos como a Loperamida (01 a 02 mg três a quatro vezes ao dia).
Aumentar a força dos músculos do assoalho pélvico pode ser útil. Exercícios de Kegel e estimulação elétrica podem ser recomendados. O biofeedback é frequentemente utilizado para ajudar a controlar os esfíncteres anais e fazer com que o paciente possa voltar a ter a sensação de plenitude retal que vem antes da necessidade de defecar.
Se a incontinência persistir mesmo após o tratamento uma cirurgia pode ser a alternativa. Se danificado, podem ser feitas tentativas para reparar os músculos do assoalho pélvico, incluindo o esfíncter anal externo. A função do esfíncter anal interno pode ser melhorada pela administração de silicone, esferas de carbono ou colágeno.
Como último recurso, onde todas as outras opções falharam, a colostomia pode ser realizada, onde o cólon é exteriorizado da parede abdominal e as fezes irão sair por uma bolsa removível.
Fonte:
BARBOSA, Juliana Magalhães Machado; DIAS, Rosângela Corrêa; PEREIRA, Leani Souza Máximo. Qualidade de vida e estratégias de enfrentamento em idosos com incontinência fecal: uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 10, n. 3, p. 383-399, 2007.
DAS GRAÇAS QUINTÃO, Maria; OLIVEIRA, Sandra Amara Silva; GUEDES, Helisamara Mota. Incontinência fecal: perfil dos idosos residentes na cidade de Rio Piracicaba, MG. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 13, n. 2, p. 191-201, 2010.
OLIVEIRA, Simone Caetano Morale de et al. Incontinência fecal em mulheres na pós-menopausa: prevalência, intensidade e fatores associados. Arquivos de Gastroenterologia, 2006.
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