Religião e espiritualidade são conceitos semelhantes, mas não idênticos.
A religião é, muitas vezes, vista como mais institucional, mais estruturada e envolvendo rituais e práticas mais tradicionais.
Já, a espiritualidade refere-se ao intangível e imaterial e, portanto, pode ser considerado um termo mais geral, não associado a um determinado grupo ou organização. Pode se referir a sentimentos, pensamentos, experiências e comportamentos relacionados à alma ou a uma busca pelo sagrado.
A religião tradicional envolve responsabilidade e obrigação. A espiritualidade tem menos requisitos. Assim, as pessoas podem rejeitar a religião tradicional, mas se consideram espirituais.
Nos Estados Unidos, mais de 90% das pessoas maduras se consideram religiosas ou espirituais. Cerca de 6 a 10% são ateus e não dependem de práticas ou tradições religiosas ou espirituais para fornecer algum significado.
O nível de participação religiosa é maior entre as pessoas maduras do que entre qualquer outro grupo etário. Mais da metade desta população atende serviços religiosos semanalmente, ou mais frequentemente.
Para as pessoas maduras, a comunidade religiosa é a maior fonte de apoio social fora da família, e o envolvimento em organizações religiosas é o tipo mais comum de atividade social voluntária, sendo mais comuns do que todas as outras formas de atividade social voluntária combinadas.
Benefícios
As pessoas que são religiosas tendem a ter uma melhor saúde física e mental do que pessoas não religiosas, sendo que estas pessoas propõem que a intervenção de Deus seja o motivo desses benefícios.
No entanto, os especialistas não podem determinar se a participação na religião organizada contribui para a saúde ou se pessoas, psicologicamente ou fisicamente saudáveis, são atraídas por grupos religiosos.
Se a religião é útil, a razão – seja ela própria as crenças religiosas ou outros fatores – não é clara.
Muitos desses fatores (por exemplo, benefícios para saúde mental, encorajamento de práticas saudáveis e apoio social) foram propostos.
Benefícios para a saúde mental
A religião pode fornecer os seguintes benefícios para a saúde mental:
– Uma atitude positiva e esperançosa sobre a vida e a doença, que tende a levar a melhores resultados nas condições de saúde
– Um significado e propósito na vida, que afeta comportamentos de saúde e relacionamentos sociais e familiares
– Maior capacidade de lidar com doenças e deficiências
Muitas pessoas maduras relatam que a religião é o fator mais importante que lhes permitem lidar com problemas de saúde física e tensões da vida (como a diminuição de recursos financeiros ou a perda de um cônjuge ou parceiro).
Por exemplo, ter uma atitude esperançosa e positiva sobre o futuro ajuda as pessoas com problemas físicos a permanecerem motivadas a se recuperar.
Alguns estudos descobriram que as pessoas maduras que usam mecanismos de enfrentamento religioso são menos propensas a desenvolverem depressão e ansiedade do que as que não o fazem.
Mesmo a percepção da deficiência parece ser alterada pelo grau de religiosidade.
Um estudo que utilizou mulheres maduras com fraturas de quadril descobriu que as mais religiosas tiveram as menores taxas de depressão, e conseguiram caminhar significativamente mais quando foram dispensadas do hospital do que aquelas que eram menos religiosas.
Práticas de promoção da saúde
O envolvimento ativo em uma comunidade religiosa está associado a um melhor funcionamento físico e à saúde.
Alguns grupos religiosos (como os Mórmons e Adventistas do Sétimo Dia) defendem comportamentos que aumentam a saúde, como evitar o tabaco e o uso intenso de álcool.
Os membros desses grupos são menos propensos a desenvolver distúrbios relacionados à estas substâncias, e vivem mais do que a população em geral.
Benefícios sociais
As crenças e as práticas religiosas, geralmente, promovem o desenvolvimento de amplas redes comunitárias de apoio social.
O aumento do contato social para as pessoas maduras aumenta a probabilidade de que a doença seja detectada precocemente, e que as pessoas maduras cumpram os regimes de tratamento porque os membros da comunidade interagem com elas fazendo-lhes perguntas sobre sua saúde e assistência médica.
Neste sentido, as pessoas maduras que têm essas redes comunitárias são menos propensas a se negligenciarem.
Cuidadores
A fé religiosa também beneficia os cuidadores.
Um estudo com cuidadores de pessoas com doença de Alzheimer ou câncer terminal descobriu que os cuidadores com uma fé religiosa forte e muitos contatos sociais foram mais capazes de lidar com o estresse das pessoas que recebiam os seus cuidados.
Efeitos prejudiciais
A religião nem sempre é benéfica para as pessoas maduras.
A devoção religiosa pode promover culpa excessiva, julgamentos incertos, inflexibilidade e ansiedade.
Podem ser desenvolvidos preocupações e delírios religiosos em pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno bipolar, esquizofrenia ou psicoses.
Certos grupos religiosos desencorajam os cuidados médicos de saúde mental e física necessários, incluindo terapias de salvamento (por exemplo, transfusões de sangue, tratamento de infecções que ameaçam a vida e terapia com insulina), e podem substituir por rituais religiosos (como orar, cantar ou acender velas).
Alguns grupos religiosos mais rígidos podem isolar e alienar as pessoas maduras dos membros da família e da comunidade social mais ampla.
Papel dos profissionais de saúde
Os profissionais de saúde podem conversar com as pessoas maduras sobre suas crenças religiosas porque essas crenças podem afetar a saúde mental e física da pessoa.
Conhecer as crenças religiosas de uma pessoa pode ajudar um médico a fornecer melhores cuidados em algumas circunstâncias:
– Quando as pessoas estão gravemente doentes, sob estresse substancial ou perto da morte e perguntam ou sugerem que um praticante fale sobre questões religiosas
– Quando as pessoas dizem ao praticante que são religiosas e que a religião os ajuda a lidar com a doença
– Quando as necessidades religiosas são evidentes e podem estar afetando a saúde da pessoa ou comportamentos de saúde
Quando os médicos ou outros profissionais de saúde entendem as necessidades espirituais de uma pessoa, eles podem ajudar a pessoa a obter a ajuda necessária (por exemplo, aconselhamento espiritual, contato com grupos de apoio, participação em atividades religiosas ou contatos sociais de membros de uma comunidade religiosa).
Os médicos podem perguntar se as crenças espirituais são uma parte importante da vida da pessoa, e como essas crenças influenciam a maneira como elas cuidam de si mesmas.
Ou, os médicos podem pedir às pessoas que descrevam seus mecanismos de enfrentamento mais importantes.
Se a pessoa expressar interesse em recursos religiosos ou espirituais, os médicos podem perguntar se existem barreiras para acessar tais recursos e podem recomendar alternativas.
Por exemplo, os médicos podem sugerir serviços de transporte para as pessoas maduras que não podem participar de serviços religiosos.
Às vezes, as pessoas maduras ficam mais confortáveis aceitando aconselhamento de um membro do clero e não de um profissional de saúde mental.
Quando os membros do clero são treinados em aconselhamento e ao reconhecimento de quando as pessoas precisam de cuidados de saúde mental profissionais, esses conselheiros religiosos podem ser muito úteis.
Os membros do clero também podem ajudar a pessoa a obter os apoios comunitários necessários, por exemplo, fazendo visitas depois que uma pessoa foi dispensada do hospital, ou fornecendo refeições ou transporte.
Fonte:
Crédito da imagem:
<a href=”http://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/fundo”>Fundo fotografia desenhado por Jcomp – Freepik.com</a>