O mirtilo ou blueberry é conhecido, popularmente, como a fruta da longevidade e seu consumo é um dos que mais cresce no mundo, por suas características funcionais para a saúde.
Possui uma grande variedade de vitaminas (A, complexo B, C, K e ácido fólico) e minerais (potássio, magnésio, fósforo, ferro e manganês) além de carboidratos, fibras e flavonóides.
Sua coloração característica é devido a presença de um grupo de pigmentos conhecidos como antocianinas, que fazem parte de um grupo de pigmentos naturais conhecidos como flavonóides, os quais são responsáveis por uma variedade de cores em folhas, flores e frutos, desde o azul até o vermelho.
No caso do mirtilo ou blueberry, as antocianinas conferem a coloração azul escura que, também, pode ser observada em cerejas, uvas, amoras, jabuticaba, figo, repolho roxo e berinjela.
Os flavonóides são compostos que reagem com os radicais livres exercendo funções antioxidantes no organismo. Dentre alguns efeitos nocivos dos radicais livres, podemos destacar o aumento do risco de desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares (DCV), tais como: aterosclerose, Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC) além de danos ao DNA o que pode desencadear o surgimento de neoplasias (cânceres).
Vários estudos epidemiológicos tem demonstrado a relação inversa entre o consumo de flavonóides e a ocorrência de DCV, através da regulação da permeabilidade capilar, impedindo a saída de proteínas e células sanguíneas, o que permite um fluxo contínuo de oxigênio e nutrientes essenciais às células.
Além disso, tem a capacidade de relaxar a musculatura do sistema cardiovascular contribuindo para uma redução na pressão arterial com melhora da circulação geral. Ou seja, consumir alimentos ricos em flavonóides como o mirtilo ou blueberry, uva, morango, cereja, etc. favorece a diminuição do risco de DCV.
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comprovaram que o mirtilo produzido no Brasil tem as mesmas características, em relação à quantidade de compostos flavonóides, do blueberry cultivado na Europa e América do Norte.
Estudos realizados na UFRGS, também, demonstraram que o mirtilo ou blueberry previne doenças relacionadas à visão como catarata e glaucoma, melhorando a capacidade de leitura e o foco da visão.
As antocianinas presentes no mirtilo ou blueberry têm a capacidade de reverter ou evitar o problema, prolongando a capacidade visual, a qual diminui com o envelhecimento.
Estudos experimentais com animais indicam que a suplementação da dieta com flavonóides, especificamente os presentes no mirtilo ou blueberry, favorecem a memória e o aprendizado tanto em animais adultos quanto idosos.
O consumo de mirtilo ou blueberry é grande em vários países, entretanto, no Brasil ele ainda é pouco conhecido.
Devido às condições climáticas serem exigentes para o cultivo da fruta, o seu plantio é pouco disseminado no país, o que torna elevado o custo do produto. A região sul do Brasil é a mais favorável, sendo o principal pólo de produção no país.
Cada 100g (1 xícara de chá) de mirtilo ou blueberry contem: 57 Calorias; 14g de Carboidratos; 0,7g de Proteínas; 0,3g de Gorduras; 2,4g de Fibras; 77mg de Potássio; 54UI de Vitamina A; 9,7mg de Vitamina C; 0,3mg de Ferro e 6,0mg de Magnésio.
A safra do mirtilo ou blueberry é no verão (dezembro a março), entretanto, é possível adquiri-lo, durante todo o ano, na forma congelada.
O mirtilo ou blueberry pode ser batido com água, água de coco, suco de outras frutas como laranja, abacaxi, goiaba, etc., sendo uma boa alternativa para o consumo de líquidos.
O mirtilo ou blueberry pode ser batido com leite ou iogurte. Pode ser adicionado a cereais como aveia, granola e cereais de milho podendo ser consumido tanto no café da manhã quanto nos lanches entre as refeições.
O mirtilo ou blueberry pode, ainda, ser misturado com outras frutas como morango, framboesa, amora, etc. e consumido como suco, na forma de geleia ou doce aumentando a concentração de flavonóides ingerida.
Referências Bibliográficas
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