A prática de exercício regular tem sido comprovada como um fator de proteção do sistema imunológico, aumenta as habilidades cognitivas, melhora o sono, aumenta a vida útil e manter o tônus muscular e outros benefícios comprovados pro vários estudos.
Entretanto, alguns mecanismos que buscam explicar os efeitos positivos do exercício permanecem nas sombras. Tais os que se referem ao funcionamento celular , ou seja quais atividades físicas são melhores para nossas células.
Um novo estudo, publicado nesta semana em Cell Metabolism , dá uma luz nesta caminho e fornece pistas sobre como esses benefícios podem ser produzidos.
O autor deste estudo o Dr. Sreekumaran Nair, um pesquisador do diabetes na clínica de Mayo em Rochester. Foram estudados no , 36 homens e 36 mulheres divididos em duas faixas etárias: “jovens” (entre 18 e 30 anos) e “idosos” (entre 65 e 80 anos). Os participantes foram divididos em três programas de exercícios:
– Exercícios de alta intensidade com bicicleta
– Treinamento de força muscular usando pesos
– Uma combinação de treinamento de alta intensidade e força
Foi então realizada uma biópsia dos músculos da coxa dos voluntários, e então feita uma comparação da composição molecular com um grupo controle de voluntários sedentários. Massa muscular magra e a sensibilidade a insulina também foram avaliadas.
A equipe descobriu que, embora o treinamento de força fosse eficaz na construção de massa muscular, o treinamento com exercícios de de alta intensidade tiveram um maior efeito a nível celular, especificamente nas mitocôndrias.
Exercício, mitocôndrias e envelhecimento
As mitocôndrias são comumente chamadas de usinas geradoras de energia das células. Sua principal função é produzir trifosfato de adenosina – molécula que transporta energia química dentro das células. À medida que envelhecemos a capacidade das mitocôndrias para gerar energia diminui lentamente.
Comparando os dados proteômicos e de sequenciarão de RNA – ácido ribonucleico – entre os grupos de exercícios, a equipe descobriu que o exercício estimula as células a fazer mais cópias de RNA dos genes que codificam proteínas mitocondriais responsáveis pelo crescimento muscular.
Os voluntários mais jovens que realizaram treinamento intervalado mostraram um aumento de 49% na capacidade mitocondrial e, ainda mais impressionante, o grupo mais idoso apresentou um aumento de 69%.
O ciclismo de alta intensidade efetivamente inverteu o declínio relacionado à idade na função mitocondrial.
Ribossomos, são elementos vitais na síntese de proteínas, e também apresentaram um aumento no exercício – melhorando a sua capacidade de construir proteínas mitocondriais, o que explica o aumento da função mitocondrial e hipertrofia muscular.
Retardo do envelhecimento através do aumento de proteína
A prática da atividade física como forma de melhorar a produção de proteína é importante. As células musculares, como o cérebro e as células cardíacas, não se dividem com frequência. Isso significa que, à medida que envelhecemos, a função declina. Como explica o pesquisador. Ao contrário do fígado, o músculo cardíaco não se regenera como os outros tecidos do nosso corpo, e as células podem acumular muitos danos. Se o exercício pode restaurar ou minimizar a deterioração dos ribossomos e mitocôndrias em células musculares, há uma boa chance de que ele faça o mesmo em outros tecidos.
Além do aumento da capacidade mitocondrial, o treinamento intervalado também melhorou a sensibilidade à insulina do participante, diminuindo o risco de desenvolver diabetes. No entanto, este tipo de exercício foi menos eficaz para melhorar a força muscular.
Embora este estudo não tenha sido focado em fazer recomendações sobre duração ou tipo de exercício, os pesquisadores acreditam que se as pessoas têm que escolher um exercício, o recomendável seria os de de alta intensidade sendo mais benéfico com 3 a 4 dias de treinamento e um intervalo e, em seguida, um par de dias de treinamento de força.
O estudo demonstra claramente como o exercício pode aumentar a produção de organelas específicas. Esta relação é susceptível em desempenhar um papel fundamental no retardo do envelhecimento celular.
A equipe de pesquisadores planejam estender seu estudo nos benefícios celulares do exercício em outros tipos de tecidos. No futuro, esses achados poderiam ser usados para direcionar caminhos específicos e reduzir o impacto do processo de envelhecimento. Com o tempo, talvez essas mudanças positivas pudessem ser desencadeadas artificialmente, no entonto há dados substanciais com este estudo para apoiar a ideia de que o exercício é muito importante para prevenir ou retardar o envelhecimento precoce.
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