Alergia à água parece uma condição improvável, pois a água é o principal componente químico do corpo humano, responsável por pelo menos 60% do peso médio de um indivíduo. A água retira toxinas de órgãos essenciais, transporta nutrientes para as células e cria as condições de umidade necessárias para a saúde dos ouvidos, nariz e garganta. Além disso a água é essencial para a vida.
Em portadores de alergia à água, apenas a pele é afetada, indivíduos com essa condição podem beber água com segurança. Entretanto quando a água de qualquer temperatura ou origem toca a pele é que ocorre uma reação alérgica de hipersensibilidade.
A condição, conhecida como urticária aquagênica , é chamada de “alergia”, mas não é clinicamente classificada como uma alergia verdadeira. Na verdade, é uma reação semelhante a uma alergia que pertence a um subconjunto da urticária física, um grupo de condições caracterizadas por urticária ou vergões que surgem quando há estimulação da pele.
No caso da urticária aquagênica, surgem caroços vermelhos, inchados e coceira quando a água toca a pele. Essa reação de cascata de histamina não à água em si, mas provavelmente é uma reação a um antígeno solúvel presente na água que estimula anticorpos. Qualquer tipo de água – destilada, de torneira ou chuva – causará um surto quase imediatamente e o simples fato de tomar banho ou ser surpreendido por uma tempestade, pode ser torturante.
A urticária aquagênica é rara, afeta mais mulheres do que homens e geralmente começa na puberdade. O diagnóstico é feito ao colocar a pele em contato prolongado com água e o médico irá observar o processo alérgico. As lesões medem de 2 a 3 mm de diâmetro, localizam-se preferencialmente no tronco e parte superior dos membros e podem durar de 10 a 50 minutos.
Para estabelecer o diagnóstico correto de urticária aquagênica deve-se excluir outras formas de urticária física, sendo necessário que o teste de provocação por água leve à formação de lesões urticariformes.
A causa das “alergia” à água ainda é um mistério. Uma teoria é que as glândulas sudoríparas possam ser as culpadas. É possível que as glândulas sudoríparas produzam uma toxina que causa uma reação alérgica com a água.
Embora os pesquisadores não tenham certeza da causa da doença, a maioria dos casos pode ser tratada com anti-histamínicos e controlada evitando o contato da água com a pele tanto quanto possível.
Fonte:
GELLER, Mario. Anafilaxia e urticárias físicas. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia, v. 1, n. 4, p. 195-201, 2013.
LIMA, Sabrina O. et al. Urticárias físicas: revisão. Rev Bras Alerg Imunopatol, v. 31, n. 6, p. 220-6, 2008.
PEREIRA, Amanda Rocha Firmino et al. Urticária crônica induzida: confirmação por testes de provocação e resposta ao tratamento. Einstein (São Paulo), v. 18, 2020.
Créditos de imagem:
<a href=’https://www.freepik.com/vectors/abstract’>Abstract vector created by starline – www.freepik.com</a>