Carotenoides são pigmentos sintetizados por plantas que dão a alguns vegetais as cores amarelo, laranja e vermelho.
Suas propriedades antioxidantes, bem como seus benefícios para a saúde visual, são conhecidas, mas pesquisas sugerem que esses compostos também podem ter um impacto positivo na melhora da cognição.
Carotenoides são poderosos antioxidantes que são encontrados em uma grande quantidade de alimentos, variando o tipo de carotenoide e a concentração deste.
Dentre os alimentos que contém carotenoides destacam-se o tomate, a laranja e a cenoura.
O tomate contém grandes quantidades de licopeno, conhecido pelas suas propriedades na prevenção do câncer. Já, a cenoura é rica em betacaroteno, também conhecido como o “anti radicais-livres” e precursor da vitamina A. E, a laranja contém luteína, importante para a saúde da visão.
No entanto, alguns carotenoides, como luteína (L) e zeaxantina (Z) também podem ser encontrados em vegetais verdes escuros, como couve, espinafre e ervilhas.
O aumento do consumo de carotenoides na alimentação está associado a redução do risco de desenvolver câncer e doenças cardiovasculares e agora associado a melhora da função cognitiva.
Uma variedade de estudos mostrou que as dietas ricas em L e Z ajudam a manter a saúde visual, melhorando a acuidade e diminuindo o risco de desenvolver doenças oculares relacionadas a idade.
Outros estudos sugeriram que L e Z melhoram a função cognitiva em adultos com 98 anos ou mais. Níveis aumentados destes compostos, foram associados com a melhora da memória e maior fluência verbal.
Entretanto, os mecanismos neurais responsáveis pela associação entre carotenoides e cognição permanecem desconhecidos.
Na tentativa de entender estes mecanismos, um novo estudo buscou controlar a atividade cerebral em adultos idosos investigando a ligação entre carotenoides e a cognição nestes indivíduos.
Os pesquisadores selecionaram 43 indivíduos com idades entre 65 à 86 anos que aprenderiam e, posteriormente, deveriam recordar pares de palavras não relacionadas enquanto eram submetidos a ressonância magnética funcional (RMf) com o intuito de mapear a atividade cerebral.
Do total de participantes, 58% eram mulheres.
Os cientistas avaliaram os níveis de L e Z na retina através da medição da densidade óptica do pigmento macular.
A equipe foi liderada por Cutter Lindbergh, um candidato a doutorado no departamento de psicologia da Faculdade de Franklin de Artes e Ciências da Universidade da Geórgia.
Os resultados foram publicados no Journal of International Neuropsychological Society.
Os cientistas descobriram que níveis mais elevados de L e Z se correlacionavam com um sinal mais baixo em várias áreas do cérebro, medido pelo nível de oxigênio no sangue dos participantes.
Isso indicou menor atividade cerebral em indivíduos com níveis mais elevados de L e Z durante as tarefas relacionadas a memória, o que significa que eles não se esforçariam muito para completar a tarefa.
Os resultados, sugerem que L e Z promoveram o funcionamento cognitivo na amostra composta por idosos, otimizando a eficiência neural.
Os achados do estudo refletem a necessidade de melhorar os hábitos alimentares à fim de evitar a oxidação neuronal.
Esta é a primeira vez que um estudo investiga a relação entre L e Z para a função cognitiva usando a tecnologia da ressonância magnética.
Os resultados mostraram como o cérebro compensa o declínio da cognição que vem com a idade. O principal pesquisador do estudo enfatiza a necessidade de mudar nossos hábitos alimentares à luz dos novos achados.
É do interesse da sociedade procurar formas de amenizar os processos de declínio cognitivo, á fim de prolongar a independência funcional em idosos.
Alterar dietas ou adicionar suplementos para aumentar os níveis de luteína e zeaxantina pode ser uma estratégia para auxiliar a função cognitiva.
No futuro, os pesquisadores esperam ser capazes de examinar se as intervenções dietéticas, como mudanças na nutrição incluindo mais vegetais contendo carotenóides, ou a ingestão de suplementos dietéticos contendo essas substâncias, poderia melhorar o poder cognitivo destes indivíduos.