Localizado no fundo do abdômen entre o estômago e a coluna vertebral, o pâncreas é uma glândula plana e em forma de folha. As glândulas são órgãos que secretam produtos químicos que o corpo precisa para funcionar.
O pâncreas é dividido em três partes: uma extremidade larga chamada de cabeça, uma extremidade fina chamada cauda e uma porção média chamada corpo.
O pâncreas produz insulina, um hormônio que regula o açúcar no sangue. Quando o corpo não produz insulina, os níveis de açúcar no sangue (glicemia) podem se tornar perigosamente elevados.
Sem insulina para ajudar o corpo a absorver glicose no sangue, o corpo não pode usar glicose de alimentos. Isso pode resultar em emagrecimento acelerado e outros problemas de saúde sérios.
O pâncreas também produz sucos digestivos que ajudam o corpo a quebrar e absorver alimentos. A porção do pâncreas que faz sucos digestivos é chamado de pâncreas exócrino, enquanto a parte do pâncreas responsável pela fabricação de insulina é chamada de pâncreas endócrino.
Estes hormônios fluem através de um tubo chamado de ducto pancreático em uma porção do intestino delgado chamado duodeno. O fígado e a vesícula biliar também liberam sucos digestivos e outros produtos químicos no duodeno, permitindo que esses órgãos atuem juntos para ajudar o corpo a absorver os alimentos.
O pâncreas é uma glândula que secreta hormônios que uma pessoa precisa para sobreviver, entre eles a insulina. Há décadas, problemas sérios com o pâncreas foram quase sempre fatais. Agora, é possível que as pessoas possam sobreviver sem pâncreas.
A cirurgia para remover o pâncreas é chamada pancreatectomia. A cirurgia pode ser parcial, removendo apenas a porção do pâncreas doente ou todo o pâncreas.
Os casos que necessitam de remoção total do pâncreas geralmente são os relacionados ao câncer em especial o adenocarcinoma de pâncreas que tem entre os fatores de risco, idade avançada – 80% dos casos de adenocarcinoma de pâncreas ocorrem entre as idades de 60 e 80 anos – pessoas do sexo masculino, a ascendência judaica asquenaze e a etnia negra tem chances 2 vezes maior, quando comparada a pacientes sem estas características demográficas.
Quanto aos fatores relacionados aos hábitos de vida o fumo aumenta em até 5 vezes as chances em desenvolver este tipo de câncer. No entanto o maior fator de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma pancreático é o fator genético acredita-se que 10 dos portadores deste agravo terão ao menos um parente de primeiro, ou segundo grau desenvolvendo a doença.
Os sintomas de câncer de pâncreas no início são relatados como um desconforto abdominal que muitas vezes não apresenta importância clínica. Com a evolução da doença são relatados sintomas como fraqueza, tontura, diarreia, perda de peso, de apetite e icterícia. A medida que o tumor avança a dor passa a ser o sintoma mais importante, pois passa de pouca intensidade a insuportável localizando-se no dorso, na região das costelas inferiores. Dificuldade na digestão de gorduras, que irão estar presentes nas fezes (esteatorréia) podem ser indicativos de obstrução de vesícula biliar.
Uma pancreatectomia completa que remove todo o pâncreas também requer a remoção de partes do estômago, uma porção do intestino delgado chamada duodeno e o fim do ducto biliar. A vesícula biliar e o baço também podem ser removidos.
Esta extensa cirurgia pode ser perigosa e mudar a vida do indivíduo. Após uma pancreatectomia, uma pessoa irá apresentar diabetes e devido a este fato deverá mudar sua dieta e estilo de vida além de precisar de insulina sintética pelo resto da vida.
Indivíduos que não produzem insulina suficiente, desenvolvem diabetes, e é por isso que a remoção do pâncreas desencadeia esta condição.
A remoção do pâncreas também pode reduzir a capacidade do corpo de absorver nutrientes dos alimentos. Sem injeções artificiais de insulina e enzimas digestivas, indivíduos sem pâncreas não sobreviverão.
Foi feito um estudo em 2016 que descreveu que cerca de três quartos das pessoas sem câncer sobreviveram pelo menos 7 anos após a remoção do pâncreas. Entre as pessoas com câncer, as taxas de sobrevivência de 7 anos variaram de 30à 64%, dependendo do tipo de câncer que tiveram e do grau em que se espalhou.
O câncer de pâncreas um dos cânceres mais mortais. Apenas 7% dos indivíduos com esse tipo de câncer vivem mais de 5 anos após o diagnóstico. Isto ocorre principalmente porque o câncer de pâncreas é difícil de detectar em seus estágios iniciais, o que permite que ele se espalhe para outros órgãos.
Existem dois tipos de cirurgias indicadas para o tratamento de câncer de pâncreas:
- Cirurgia curativa, que é usada para remover todo o câncer, potencialmente curando a pessoa. Este tipo de cirurgia deve ocorrer antes que a doença se espalhe.
- Cirurgia paliativa, que é usada para prolongar a vida da pessoa e reduzir a gravidade de alguns sintomas.
Pancreatite crônica
A pancreatite crônica é uma infecção ou inflamação do pâncreas que que pode se repetir após o tratamento. Algumas formas de pancreatite crônica são hereditárias.
A pancreatite pode ser extremamente dolorosa e até fatal. Quando outros tratamentos falham, ou quando o pâncreas está gravemente danificado, o especialista pode recomendar uma remoção total ou parcial do pâncreas
Cuidados após a cirurgia de pâncreas
Após a cirurgia o paciente permanecerá no hospital por vários dias até várias semanas, dependendo da sua condição. Nos dias que se seguem à cirurgia, fará uso de uma dieta líquida, com alimentos sólidos adicionados lentamente ao longo do tempo.
É normal sentir dor nos dias que se seguem à cirurgia, e pode demorar vários meses até recuperar a força, não poderá dirigir por 2 à 3 semanas.
É possível viver uma vida saudável sem pâncreas, mas isso requer cuidados médicos contínuos. A remoção de pâncreas causa diabetes e pode mudar a capacidade do organismo de digerir os alimentos. Isso requer tratamento para a diabetes ao longo da vida, que inclui uma dieta com baixo teor de açúcar e baixo teor de carboidratos.
O médico pode recomendar comer várias refeições menores todos os dias para evitar picos de açúcar no sangue. Evitar drogas e álcool podem ajudar a manter a saúde a longo prazo.
A pessoa precisará de injeções regulares de insulina. Em alguns casos, essas injeções podem ser substituídas por uma bomba de insulina. Pode ser necessário tomar enzimas digestivas com cada refeição para garantir a absorção adequada dos alimentos.
Fonte:
ARDENGH, José Celso et al. Câncer do pâncreas em fase inicial: é possível identificá-lo através dos instrumentos científicos e propedêuticos atualmente disponíveis?. Arquivos de Gastroenterologia, v. 45, n. 2, p. 169-177, 2008.
NOBESCHI, Leandro; BERNARDES, Wilson; FAVERO, Nilze. Diagnóstico e prevenção do câncer de pâncreas. Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde, v. 16, n. 1, 2015.
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