Estão sendo realizados ensaios clínicos para testar se a rapamicina, uma droga que foi utilizada como imunossupressor por décadas, também poderia tratar o câncer e a neurodegeneração. Os cientistas agora estão interessados em explorar suas propriedades antienvelhecimento.
A rapamicina recebe o nome de Rapa Nui, termo nativo da Ilha de Páscoa. Na década de 1960, os cientistas foram à esta ilha em busca de novos antimicrobianos, e descobriram que o solo da ilha abriga bactérias que contém “um composto com propriedades antifúngicas, imunossupressoras e antitumorais notáveis”.
Sirolimus, também chamado de rapamicina, é um fármaco utilizado pela medicina como imunossupressor. É uma lactona macrocíclica produzida por organismos da espécie Streptomyces hygroscopicus.
Por muitos anos, os cientistas acreditaram que a rapamicina exerce um efeito, bloqueando o alvo mecanicista da rapamicina (mTOR) apropriadamente nomeado. Os pesquisadores também suspeitaram, que a droga poderia funcionar através de outras vias de sinalização celular.
Recentemente os cientistas descobriram um segundo alvo celular para a rapamicina, um estudo recente oferece informações valiosas sobre o potencial da droga como agente neuroprotetor e antienvelhecimento.
O segundo alvo é uma proteína, o receptor potencial transiente mucolipina 1 (TRPML1). A segmentação TRPML1 parece estimular um processo de reciclagem que impede que as células se acumulem com resíduos e proteínas defeituosas.
O acúmulo de proteínas defeituosas nas células é uma característica do envelhecimento. É também uma característica da doença de Alzheimer, Parkinson e outras doenças neurodegenerativas.
O estudo é o trabalho de pesquisadores da Universidade de Michigan em Ann Arbor e da Universidade de Tecnologia de Zhejiang, na China. As descobertas foram apresentadas em um artigo recente da revista PLOS Biology.
O principal investigador do estudo é Haoxing Xu, que supervisiona um laboratório no Departamento de Biologia Molecular, Celular e do Desenvolvimento, na Universidade de Michigan.
“A identificação de um novo alvo da rapamicina oferece uma visão no desenvolvimento da próxima geração de rapamicina, que terá um efeito mais específico sobre a doença neurodegenerativa.
Desde a descoberta da rapamicina, seus vários usos como imunossupressor se estenderam desde a prevenção da rejeição imunológica de transplantes de órgãos até o revestimento de stents que mantém abertas as artérias coronárias
A Food and Drug Administration (FDA) também aprovou vários derivados da rapamicina, ou “rapalogs”, para ensaios clínicos para avaliar a sua eficácia na segmentação de células cancerosas e tratamento de doenças neurodegenerativas. Além disso, estudos em mamíferos, moscas e outros organismos, mostraram que a rapamicina pode prolongar a vida útil.
Quando a rapamicina bloqueia mTOR, ela interrompe o crescimento celular. É por isso que os desenvolvedores de drogas estão interessados em seu potencial como agente anticancerígeno, porque o crescimento descontrolado de células é uma característica primária do câncer.
No entanto, o bloqueio do mTOR também ativa a autofagia, que é um processo celular que remove e recicla componentes celulares danificados e proteínas defeituosas e não funcionam corretamente.
A autofagia depende da reciclagem de células chamados lisossomas para decompor os materiais residuais em blocos moleculares que a célula pode usar novamente.
A principal função do lisossoma é manter o estado saudável da célula porque degrada o material nocivo dentro da célula.
Em situações de estresse, a autofagia pode levar à sobrevivência das células, degradando os componentes disfuncionais e fornecendo os blocos de construção das células, como aminoácidos e lipídios.
O TRPML1 é uma proteína que fica na superfície dos lisossomos e atua como um canal para íons cálcio, que transmite sinais que controlam a função dos lisossomos.
A equipe usou um “patch lysosome patch” para investigar o papel do TRPML1. Essa técnica altamente sofisticada permite que os pesquisadores observem a operação do canal. A equipe usou culturas de células de mamíferos e humanas em seu estudo.
Usando o patch-clamp, a equipe pôde mostrar que a rapamicina era capaz de abrir o canal TRPML1 nos lisossomos das células, independentemente da mTOR. Não importava se a mTOR estava ativa ou inativa; o efeito foi o mesmo.
Os pesquisadores também descobriram que a rapamicina não poderia desencadear autofagia em células que não tinham TRPML1. Isto mostrou que a rapamicina necessitava de TRPML1 para melhorar a autofagia.
Os autores concluíram que a identificação de TRPML1 como um alvo [rapamicina] adicional, independente de mTOR, pode levar a uma melhor compreensão mecanicista dos efeitos da [rapamicina] na depuração celular”.
Os oesquisadores acreditam que o TRPML1 lisossômico pode contribuir significativamente para os efeitos neuroprotetores e antienvelhecimento da rapamicina.
Fonte:
https://www.medicalnewstoday.com/articles/325321.php
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