Um novo estudo examinou a saúde mental de quase 1.300 profissionais de saúde na China que lidaram com pacientes com COVID-19. A pesquisa analisou sintomas de depressão, ansiedade, insônia e angústia.
Os pesquisadores que realizaram o estudo analisaram profissionais de saúde que trabalhavam em 34 hospitais, que tinham clínicas ou enfermarias para pacientes com COVID-19.
Profissionais de saúde que atuavam na linha de frente diretamente envolvidos no diagnóstico, tratamento e atendimento de pessoas com COVID-19, foram motivo de interesse dos pesquisadores.
Esses trabalhadores podem estar em risco aumentado de sofrimento psíquico e outros problemas de saúde mental, relatam os autores, devido ao número cada vez maior de casos de COVID-19, à sobrecarga de trabalho, de informações e a equipamentos e de proteção individual insuficientes.
Além disso, observam os autores, estudos existentes mostraram que, em situações semelhantes, os profissionais de saúde experimentam estigmatização, bem como medo de infecção para si mesmo e suas famílias.
A equipe de estudiosos coletou dados demográficos e indicadores de saúde mental de 1.257 profissionais de saúde em 34 hospitais de 29 de janeiro de 2020 à 3 de fevereiro de 2020. Apenas hospitais com enfermarias e clínicas de COVID-19 foram selecionados.
Para avaliar a gravidade dos sintomas de depressão, ansiedade, insônia e angústia, os pesquisadores usaram as versões chinesas do Questionário de Saúde do Paciente com nove itens, a escala de Transtorno de Ansiedade Generalizada de sete itens, o Índice de Gravidade de Insônia de sete itens e a Escala de impacto do evento revisada.
Os pesquisadores, aplicaram análise de regressão logística multivariável, para encontrar os fatores associados aos problemas de saúde mental.
A taxa de participação na pesquisa, foi de 68,7%. Deste total 64% dos entrevistados tinham entre 26 e 40 anos e mais de 76% deles eram mulheres.
Mais de 60% dos entrevistados eram enfermeiros, enquanto os médicos representavam pouco mais de 39%. Os profissionais de saúde da linha de frente representavam 41,5% dos entrevistados.
No geral, o estudo constatou que:
⇒ 50,4% dos entrevistados apresentaram sintomas de depressão, 44,6% apresentaram sintomas de ansiedade, 34,0% relataram sintomas de insônia e 71,5% relataram sentimentos de angústia.
- Enfermeiras, profissionais de saúde da linha de frente e aqueles que trabalham em Wuhan, China, relataram graus mais severos de sintomas de saúde mental do que outros profissionais de saúde.
- Os profissionais de saúde da linha de frente que se envolveram diretamente no diagnóstico, tratamento e atendimento de pacientes com COVID-19 apresentaram maior risco de sintomas de depressão.
Especificamente, os profissionais de saúde da linha de frente tinham 52,0% mais chances de apresentar sintomas de depressão, 57,0% mais chances de apresentar sintomas de ansiedade, 60,0% mais chances de sofrer angústia e quase três vezes mais chances de ter insônia do que aqueles que não estavam na linha de frente ao atendimento aos doentes por COVID 19.
Além disso, 18,0% dos profissionais de saúde de primeira linha que sofreram depressão, apresentavam uma forma grave da doença, em comparação com 12,9% dos trabalhadores de segunda linha.
Foi observado também que, 34,7% dos trabalhadores da linha de frente que experimentaram ansiedade apresentaram sintomas graves em comparação com 25,0% dos trabalhadores de segunda linha. Da mesma forma, 12,3% apresentaram insônia grave, em comparação com 4,5% dos trabalhadores de segunda linha e 42,1% dos especialistas da linha de frente que apresentavam problemas psicológicos, e alguns sintomas graves, em comparação com 29,9% dos trabalhadores de segunda linha.
Neste cenário os pesquisadores concluíram: Comparado ao trabalho em posições de segunda linha, trabalhar na linha de frente, tratando diretamente pacientes com COVID-19, parece ser um fator de risco independente para desenvolvimento alterações na saúde mental.
A proteção dos profissionais de saúde é um componente importante das medidas de saúde pública para combater a epidemia do COVID-19.
Intervenções para promover o bem estar mental dos profissionais de saúde, expostos ao COVID-19, precisam ser implementadas o quanto antes, no sentido de preservar a saúde estes profissionais e evitar prejuízos irreparáveis na saúde mental dos mesmos.
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