Pesquisas sugerem que ter uma forte rede social, integrar-se socialmente e engajar-se com as outras pessoas da comunidade, está associado a melhores resultados cognitivos (capacidade de raciocínio, lógica, memória e aprendizado).
Da mesma forma, as oportunidades que surgem dentro da convivência na comunidade (tais como atividades recreativas, sociais e de lazer além de trabalho voluntário e em grupo) estão relacionadas a níveis mais elevados de bem-estar e menor estresse mental.
Esses tipos de oportunidades de participação em eventos comunitários reduzem também o estresse de uma forma geral, o isolamento e a solidão.
Estar envolvido em grupos cívicos – como grupos ambientais, grupos de voluntariado e outros grupos comunitários – parece ser uma opção saudável.
Embora trabalhos anteriores nesta área tenham gerado resultados positivos em relação ao engajamento social, poucos estudos têm sido longitudinais. Em outras palavras, eles não seguiram as pessoas ao longo de suas vidas.
Uma equipe de cientistas da Universidade de Southampton no Reino Unido começou a preencher essa lacuna.
Eles projetaram um estudo para ajudar a entender o impacto do envolvimento social ao longo da vida adulta e o impacto na função cognitiva em idades a partir de 50 anos.
O estudo utilizou dados do British National Child Development Study (NCDS), onde foi utilizada amostra da população da Inglaterra, Escócia e País de Gales.
Os dados foram primeiramente coletados quando os participantes nasceram em 1958 e depois em vários pontos ao longo de suas vidas.
Na idade de 33 anos, apenas 17 % participantes faziam parte de uma organização cívica e 14% estavam envolvidos em grupos. Já, na idade de 50 anos, 36% estavam participando dos grupos e 25% estavam envolvidos em, pelo menos, um grupo.
No total, 8.129 participantes do grupo de estudo realizaram 11 testes cognitivos (abrangendo matemática, escrita, leitura e habilidade geral) e outros 50 testes de velocidade e concentração, memória e atenção visual.
No geral, quase um terço das habilidades cognitivas dos entrevistados declinou entre as idades de 11 e 50 anos, enquanto habilidades mentais permaneceram inalteradas em 44% do grupo. Aproximadamente um quarto melhorou a proeza cognitiva aos 50 anos.
Os benefícios cognitivos dos grupos cívicos
Uma vez que os dados foram analisados, os pesquisadores descobriram que aqueles que estavam envolvidos em grupos cívicos com idades de 33 à 50 anos obtiveram maior pontuação nos testes cognitivos.
Além disso, para cada grupo cívico extra que os indivíduos participavam, suas pontuações cognitivas aumentavam. Assim, neste caso, parece que quanto mais participação em grupos, melhor a cognição.
Embora as associações entre o engajamento social adulto e a função cognitiva na idade 50 anos encontradas no estudo foram moderados, elas persistiram depois do ajustamento com co-variáveis, como saúde, status socioeconômico e gênero.
Acima, e além, da participação em atividades cívicas, outros fatores também foram encontrados que melhoraram o desempenho cognitivo em pessoas maduras. Estes fatores incluem atividade física frequente, formação em educação superior e sexo (as mulheres se saíram melhor).
Contudo, o baixo nível socioeconômico, quando criança, demonstrou-se associado a pior função cognitiva aos 50 anos e, além disso, piora o auto relato de bem-estar mental durante a idade adulta.
A implicação é que, se as pessoas continuarem engajando-se socialmente ao longo da vida, e mantendo comportamentos relacionados que exijam habilidades cognitivas, como memória, atenção e controle, poderá haver alguma proteção contra o declínio cognitivo, afirmam os autores do estudo.
Os resultados, publicados nesta semana na BMC Psychology, podem ser usados como evidência para melhorar o acesso público aos tipos de grupos cívicos vistos no estudo.
As intervenções de políticas de saúde pública destinadas a promover a saúde cognitiva devem incluir incentivar o engajamento cívico e proporcionar oportunidades, para isso, a população madura, objetivando a melhoria da qualidade de vida à este indivíduo.